Escrevo expondo crises, delicadezas e sensibilidades.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

como sou...

Não me sinto uma mulher como as outras. O papel de Amélia não me cai bem. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Nunca fui uma pessoa óbvia. Sou autoritária e teimosa e ponha na conta minha ansiedade também. Mas o meu coração sempre foi gelatinoso. Mandona e estressada, porém traída pela comoção, num piscar de olhos me torno terna e delicada. Hospedo em mim uma natureza contestadora e onde quer que eu vá, ela está comigo. É como se eu tivesse além de uma consciência oficial, também uma paralela, e esta soubesse que não vou segurar minhas ambigüidades por muito tempo. Sou muitas mulheres em uma só. Isso me da uma certa angustia existencial. Quero saber entre todas aquelas que sou, quem realmente manda dentro de mim. Confundo-me com tanta autoridade, já não sei a quem devo obedecer(kkk). Doce. Áspera. Algumas vezes sou romântica como uma adolescente, visceral, caótica. Choro como uma menininha. Tenho uma imaginação muito fértil que costuma perder o freio e criar historias, que alternam realidade e ficção. Tenho ido longe em pensamentos. Crio diálogos tão convincentes durante as madrugadas insones que chego a acreditar que eles aconteceram. A tal intuição feminina é considerada uma carta na manga, mas ela é, isso sim, uma bomba a ser desativada. A minha não falha, porém nunca me trouxe boas noticias. Tenho a impressão de estar vivendo de trás pra frente. Normalmente as pessoas são infantis e amadurecem. Questionadoras e encontram as respostas. Comigo não acontece assim. Há muitas bifurcações no meio do caminho. Perco-me nesse labirinto. Quero viver um amor pra vida inteira. Não sei se concordo com a lenda de que todo amor vira amizade. Há lógica nisso tudo, mas não á palpitação. Há algo mais por trás disso. E eu só quero ter acesso. Não sonho em ser premiada com uma vida pacata e bucólica. Acho até bonito, árvores, natureza, flores. Principalmente vistos da varanda de um bom hotel (kkk). Uma semana na praia e já sinto falta da vida agitada. Cinema, Salão de beleza, restaurantes, boates, caixas 24h: Preciso sabê-los disponíveis. Necessito de uma tomada ao alcance da mão, seja pra ligar o secador, ou carregar o celular. Tenho que ouvir o barulhinho do ar condicionado pra poder dormir. Quando pequena tinha medo do escuro e até hoje não gosto de assistir filmes de terror. Recebi de herança da minha mãe um terrível medo de insetos que voam, principalmente baratas. Domingo é meu inferno astral. Duvido que tenha algo mais entediante que um domingo. Não é dia de festa nem de trabalho, não é nem mais nem menos. Desprezo coisas mornas, que não provocam nem ódio nem paixão. Sou intensa. Não aceito com facilidade idéias pré-concebidas e nem mesmo as pós-concebidas. Sou sensata e ao mesmo tempo insensata e entre uma coisa e outra está a minha essência. Quer saber qual é meu paraíso: uma tarde livre com minhas amigas. Com elas sou feliz de verdade. Extremamente vaidosa, não apenas por ser mulher. Preciso me sentir bem por fora pra estar bem por dentro. O contrário também. Mas uma escova e uma boa maquilagem podem ocultar grandes crises internas. Pareço calma? Não como uma oriental, sou até bem latina. Ai, mas ultimamente ando tão mexicana, e qualquer coisa se dramatiza em meus olhos. Estou numa fase transitória, já abandonei o lugar onde eu estava, mas ainda não cheguei onde eu quero.



Texto inspirado no livro Divã, Martha Medeiros

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